10 de junho de 2011

CLARA DE ASSIS, UM HINO DE LOUVOR



Por Frei Giacomo Bini, ofm

Introdução

Em nome do Senhor!

A vós, Irmãs pobres de Santa Clara,

a vós todas Contemplativas que vos inspirais

na espiritualidade franciscano-clariana,

a todos os Irmãos e Irmãs

que amam Clara e Francisco,

como Ministro e servo de todos, desejo

“paz do céu e sincera caridade no Senhor’” (2CtFi, 1)

“Desde que, por inspiração divina, vos fizestes filhas e servas do altíssimo e sumo Rei, o Pai celeste, e desposastes o Espírito Santo, optando por uma vida de acordo com a perfeição do santo Evangelho, eu quero e prometo, por mim e por meus frades, ter por vós o mesmo cuidado diligente e uma solicitude especial, como por eles” (RegCl 6,3-4; cf FVCI).

Em consonância e obediência a estas palavras, como irmão vosso, ouso dirigir-me a todas vós, que constituís uma realidade preciosa entre aqueles que vivem a herança espiritual de Francisco e Clara. Em nome também dos Irmãos e das Irmãs que se inspiram em seu projeto evangélico, gostaria primeiramente de expressar uma profunda gratidão pela riqueza carismática espiritual que representais em nossa Família. Obrigado por vossa profunda comunhão no Espírito que nos sustenta em nossas viagens apostólicas pelas estradas do mundo; por vosso silencioso papel de “sentinelas da manhã” que, na obscuridade dos acontecimentos humanos, vigiam e perscrutam os sinais de vida que já desabrocham sobre a terra. Vós nos ajudais a interpretar e a alegrar-nos por nossa vocação comum. No início de seu Testamento, Clara prorrompe neste agradecimento: “Entre outros benefícios que temos recebido e ainda recebemos diariamente da generosidade do Pai de toda misericórdia e pelos quais mais temos de agradecer ao glorioso Pai de Cristo, está a nossa vocação que, quanto maior e mais perfeita, mais a Ele é devida” (TestCl 2-3). Portanto, juntos devemos conhecer sempre melhor nossa vocação, amá-la e responder-lhe com fidelidade e generosidade.

No próximo ano, celebraremos o 750° aniversário da morte de nossa mãe e irmã Clara: é uma ocasião propícia, uma graça particular que deveria fazer-nos recuperar o amor “esponsal” que animou toda a sua vida. Enquanto vos escrevo, penso e medito exatamente aqueles gestos e palavras, tão densos de significado, que caracterizaram seus últimos dias, antes de seu êxodo final. O pobre e tosco leito de São Damião tornou-se lugar de relacionamento e de encontros repletos de profunda humanidade e espiritualidade.

Também uma carta pode tornar-se lugar de comunhão, de diálogo fraterno, para descobrir aquele ”algo novo a respeito do Senhor” que Clara pedia a Junípero e que nossos tempos e nossas gerações ainda esperam de nós com urgência.

Nas visitas aos Irmãos, feitas em diversas partes do mundo, sempre tive a graça de encontrar-vos, ouvir-vos, dialogar e rezar convosco. Sensibilizou-me a profunda amizade que vos une a nós e a toda a Família franciscana; como também a ardente sede de Deus que anima vossas comunidades e que gostaríeis de partilhar conosco. E quanto todos nós, irmãos e irmãs itinerantes pelo mundo, teríamos a aprender de vossa experiência mística tão radical e tão absoluta que somente quem foi vencido pelo Amor pode compreender ou intuir.

Frei Reinaldo, Frei Leão, Frei Ângelo, Frei Junípero estavam lá, próximos a Clara nos últimos dias de sua vida para, em profunda comunhão, ouvir, partilhar e reavivar a apaixonada busca de Deus. Este é também o desejo desta carta: continuar no tempo a amizade que, desde então, sustenta os Frades menores e as Irmãs pobres na peregrinação terrena.

Estas reflexões são dirigidas diretamente às Irmãs Clarissas por ocasião do 750° aniversário da morte de Santa Clara: todos os textos referem-se a ela; todavia, querem ser também uma mensagem fraterna endereçada a todas as Irmãs contemplativas franciscanas espalhadas pelo mundo inteiro. Ao escrever, pensei também nelas; as sugestões e os convites, talvez, possam ser úteis também a elas.

Por fim, espero que estas linhas sejam lidas pelos irmãos e pelas irmãs de toda a Família franciscana, pois a complementaridade e a reciprocidade são compromissos comuns a todos nós.

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